O papel das lideranças na saúde mental dos profissionais de saúde

A razão de tudo para quem trabalha em saúde é oferecer a melhor assistência possível ao paciente. Para isso, nós envolvidos na área dedicamos a vida aos estudos, à constante atualização e ao trabalho focado – mesmo sob intensa pressão e stress. Dessa maneira, levanta-se a pergunta: quem cuida dos que exercem o cuidado?

Ou seja, quem lida com a saúde de médicos, enfermeiros, auxiliares e demais profissionais do setor? E não estamos falando apenas do bem-estar físico. Na maior parte das vezes, a atenção deve ser depositada nas camadas mais internas, nos caminhos tortuosos da mente.

Um hospital, por si só, é um ambiente repleto de desafios. Além de lidarmos muitas vezes com o limiar delicado entre a vida e a morte, o equilíbrio emocional dos profissionais é testado a todo tempo ao tratar os com os mais diversos tipos de pessoas.

É uma carga absurda, para a qual os líderes em saúde devem estar bastante atentos.

Números

Levantamento da empresa de recrutamento Talenses com mais de 1,4 mil pessoas publicado em 2019 revelou em números o impacto do ambiente de trabalho na saúde dos brasileiros. Reparem que a pesquisa é anterior à pandemia – de lá para cá, por motivos que todos nós experimentamos na pele, a situação se agravou.

Quase metade (49%) dos respondentes afirmaram já ter sofrido crises de ansiedade; outros 44% disseram ter sido vítimas de síndrome de burnout. Quase 85% conhecem alguém que sofre ou já sofreu com transtornos do tipo e 70% já lidou com quem teve de se afastar do trabalho por causa do stress – ou foram eles próprios os afastados.

Significativo: para mais de 70% dos entrevistados, o trabalho teve forte contribuição para o surgimento dos problemas psicológicos. Para isso, as razões apresentadas são a pressão por resultado (61%), o excesso de horas trabalhadas (55%) e o acúmulo de funções (52%).

Cerca de 40% também citaram insatisfação com o ambiente de trabalho e 35% afirmaram sofrer assédio moral.

Mundo BANI

Segundo o antropólogo norte-americano Jamais Cascio, vivemos hoje no chamado Mundo BANI, termo formado pelas iniciais das palavras inglesas Brittle (Frágil), Anxious (Ansioso), Non-linear (Não-linear) e Incomprehensible (Incompreensível).

Isto é: vivemos em uma sociedade global em que boa parte das relações são frágeis, imprevisíveis, interligadas e mergulhadas em excesso de informação. A pandemia e suas consequências talvez sejam as manifestações concretas disso.

Essas características são sentidas por todos nós, mas é provável que estejam potencializadas no ambiente hospitalar, onde boa parte dos maiores temores humanos acaba por se tornar rotina.

Para combatê-las, o estudioso sugere alguns caminhos: capacidade e resiliência contra a fragilidade; empatia e atenção plena ante a ansiedade; contexto e flexibilidade contra a não-linearidade; e transparência e intuição frente a incompreensibilidade da vida.

“Todas essas medidas cabem dentro do ambiente da saúde, espaço em que tudo muda com uma velocidade muito grande e a todo momento”, analisa o Dr. Venceslau Coelho, geriatra do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e consultor em saúde na LonVi.

Recentemente, ele explanou sobre o assunto durante a 2ª edição do Programa E-leadership, parceria entre o Medportal e o Colégio Brasileiro de Executivos da Saúde (CBEXs). Os dados e informações deste artigo foram retirados dessa apresentação.

Choque de gerações

Outro aspecto ao qual os líderes em saúde devem estar atentos e aptos a manejar são as características das diferentes gerações. Afinal, as instituições de saúde reúnem desde profissionais com mais de 60 anos até recém-formados, nascidos de 1990 para cá – a chamada Geração Z.

Enquanto as gerações mais experientes tendem a aprender e trabalhar de forma mais linear, aceitar regras com mais facilidade e a marcar territórios com afinco, os mais novos têm raciocínio não-linear, são multifocais e prezam por separar com mais distinção o trabalho da vida pessoal.

Quando postos em um mesmo ambiente de trabalho, com vocação por si só para ser estressante como é o da saúde, lidar com essas diferenças e buscar a redução dos conflitos pode ser uma tarefa hercúlea às lideranças.

Soft skills

Por isso, além das competências técnicas, cada vez mais as empresas e também os hospitais estão em busca de profissionais que já possuem ou estão dispostos a desenvolver as chamadas soft skills.

São as habilidades interpessoais, aquelas que vão além do trabalho propriamente dito, mas que pacificam ambientes: inteligência emocional, comunicação, liderança, empatia, flexibilidade cognitiva, trabalho em equipe, gestão do tempo e de pessoas, aprendizagem constante, entre outras.

“É por isso que se diz que se contrata pelo currículo e se demite pelo comportamento. Hoje, cada vez mais os profissionais estão sendo avaliados por suas características interpessoais”, afirma Coelho.

Essas são ainda mais bem-vindas quando partem da própria liderança. Afinal, é ela quem dá o tom sob o qual todo setor será regido.

Qualidades do líder

Liderar é administrar. Por isso, para harmonizar a saúde mental de sua equipe, quem ocupa o topo da pirâmide deve saber administrar de maneira eficaz as próprias emoções e as de seus subordinados.

Assim, além de competente com relação ao cargo em si, um líder deve ter:

. Senso de missão: ou seja, confiança em sua própria capacidade de liderança;

. Abnegação: disposição para rejeitar comodismos e ter capacidade para suportar os problemas inerentes à função;

. Bom caráter: ser honesto, enfrentar a realidade e situações difíceis, não temer críticas, ser sincero e confiável;

. Discernimento: distinguir o que é ou não importante, ter bom senso, tato e critério para analisar o futuro.

Consequências saudáveis

Ao promover a redução dos conflitos interpessoais, a liderança obtém profissionais mais satisfeitos, eficientes e produtivos.

Isso também afeta positivamente a autoestima e, por consequência, a qualidade de vida do indivíduo, que passa a controlar melhor seus sentimentos e emoções – disseminando toda essa atmosfera de bem-estar ao ambiente de trabalho.

Dessa maneira, é fundamental que as organizações desenvolvam espaços para o aprimoramento das soft skills de líderes e liderados, ampliando a percepção que cada um tem de si e do próximo.

Com o tempo e a prática constante, os profissionais acabam descobrindo por conta própria seus pontos motivacionais e aplicam em si mesmos as mudanças que almejam para a carreira e ao ambiente de trabalho que ocupam.

Biblioteca

Na Biblioteca do Medportal há todo um segmento dedicado ao aspecto comportamental do trabalho. Confira alguns conteúdos que estão conectados ao que dialogamos aqui neste artigo:

. Valorização do capital humano;

. Liderança responsável;

. Gestão de conflitos;

. Inteligência emocional;

. Comunicação não-violenta;

. Trabalho em equipe;

. Técnicas de negociação;

. Trabalho sob pressão.

Clientes do Medportal podem ter acesso a esses cursos acessando o Academy e solicitando a inserção dos treinamentos através do nosso suporte. Para os que não são clientes, basta conversar com a nossa equipe de consultores para saber como gerenciar o seu projeto de educação digital continuada.

Contato

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