A produção de conteúdo digital para educação corporativa em saúde requer uma série de cuidados, para que esse conteúdo seja desejável pelo colaborador. Afinal, a área está longe de ser homogênea: há profissionais de diversas idades e níveis de experiência, com formações e funções variadas. Do diretor que fez carreira de décadas em uma instituição ao auxiliar de enfermagem recém-formado, todos fazem parte da saúde.
Há ainda uma série de ferramentas e metodologias de ensino que devem ser consideradas, pois o ensino digital tem características próprias, diferentes das tradicionais aulas presenciais a que estamos todos acostumados nos tempos de escola, faculdade e ensino técnico.
Além disso, o mais importante: um processo educacional efetivo reflete em qualidade assistencial e positivamente na saúde e no bem-estar do paciente e, por consequência, da população como um todo.
A coordenadora da Área de Conteúdo do Medportal, Viviane Zanetti, dá algumas dicas sobre como pensar e estruturar uma plataforma de educação digital em saúde consistente com todos esses pré-requisitos.
Características
Viviane explica que a produção de conteúdo digital em saúde tem que ser relevante para o público-alvo, conter informações atualizadas e validadas por órgãos competentes. Além disso, deve ser acessível e oferecer conhecimento de forma rápida e efetiva.
É preciso ter em mente que a área da saúde é interdisciplinar. Por isso, uma boa estratégia para diferenciar o conteúdo é segmentá-lo de acordo com o perfil de cada grupo. “Criar trilhas de aprendizado de acordo com cada perfil, considerando cargo, área de atuação e perfil de competências ajuda a organizar o conteúdo de forma que o aluno o considere relevante”, afirma a coordenadora da Medportal.
Outro ponto: devido ao do aparato digital que intermedeia o aprendizado, há uma série de ferramentas tecnológicas que podem ser empregadas na produção e transmissão do conteúdo – Jamboard, EDPuzzle, Canva, Padlet e GoConqr são algumas delas. “Além de tornar o conteúdo mais interativo, essas ferramentas auxiliam a desenvolver a cultura digital no aluno, o que é necessário, pois a tecnologia está cada vez mais presente em nossas vidas”, aponta Viviane.
Público heterogêneo
A saúde é um dos maiores ramos do conhecimento, e abrange uma infinidade de áreas, ramos e setores – com os mais diferentes níveis de qualificação profissional. Faça um exercício: quantas especialidades médicas você consegue citar de cabeça? É muita coisa!
Por isso, não pode haver um único e homogêneo produto de conteúdo digital. “Escrever para esse público exige adequação da linguagem, direcionando-a a cada grupo, para que a informação seja transmitida de forma clara e imediatamente compreendida”, conta Viviane.
Agindo assim, fica mais fácil para o aluno notar o valor de determinada informação em sua prática. A coordenadora dá ainda outra dica: utilizar nas aulas exemplos com situações do dia a dia do aluno, aproximando o conteúdo da experiência da pessoa. “A realidade é a melhor abordagem.”
Métodos de aprendizagem
Ao trabalhar com educação digital em saúde, tenha em mente que você também está lidando com um público especializado, com conhecimento teórico e prático em diversos níveis. Assim, busque se aprofundar em conceitos que enxerguem o aprendizado de uma forma mais ampla, que transcenda a lógica professor-aluno – tais como a andragogia, a paragogia e o microlearning.
É possível que você já tenha topado com esses termos por aí ou mesmo tenha lido algo do tipo aqui mesmo em nosso blog. Ainda assim, vale a pena relembrar do que trata cada um deles.
Na andragogia, o próprio aluno é quem está no centro do aprendizado, com mais independência com relação à figura do professor. Ele é capaz de correr atrás do que é mais útil para si. “Nesse sentido, a andragogia pode ser trabalhada para melhorar o engajamento, por meio de ações que promovam o conteúdo, de forma que o aluno entenda a importância e busque conhecimento, com autonomia”, explica Viviane.
Já a paragogia é um conjunto de técnicas e práticas que estimula a constante troca e colaboração entre os participantes. “Para isso, estratégias como trabalhos e projetos em equipe podem ser utilizados, o que favorece muito a criação de uma cultura de aprendizagem”, diz a coordenadora.
Por fim, o conceito de microlearning foca em pequenos cursos e atividades de curto prazo, geralmente bastante relacionados à prática. “É uma excelente técnica para melhorar o engajamento no treinamento on-the-job [aquele no qual a pessoa aprende competências sem precisar sair do seu posto de trabalho]. O conhecimento é oferecido de forma rápida, objetiva e versátil – e pode ser trabalhado de várias formas, como vídeos e textos cursos, infográficos e jogos”, revela Viviane.
Agentes do processo
O objetivo ao se utilizar esses conceitos é fazer com que os alunos se tornem protagonistas de seu próprio processo de aprendizagem e desenvolvimento profissional. Para isso, é necessário que você também invista em táticas de feedback e autoavaliação – tudo para que o aluno conheça a si mesmo, identifique lacunas e como pode melhorar.
“Ter uma plataforma que proponha conteúdos para o aluno, de acordo com dados que apontem suas necessidades individuais, favorece uma troca de experiência mais espontânea e relevante para ele, aumentando seu engajamento e autonomia”, argumenta a coordenadora.
Mensure os resultados
Por fim, não se esqueça de mensurar os resultados. “Ao produzir um conteúdo, é importante que tenhamos em mente qual será o objetivo, o que pretendemos que o aluno aperfeiçoe e que resultados queremos obter a partir dessa mudança”, explica Viviane.
Conferir os resultados é fundamental não só para avaliar o desempenho e a retenção do aluno ao final do treinamento, mas também para que seja possível acompanhar os indicadores institucionais que mostram se o conteúdo oferecido de fato foi efetivo.
Por exemplo: após aulas sobre “prevenção de lesão por pressão”, é preciso saber se o índice desse tipo de contusão no setor responsável diminuiu.
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