Especialistas em educação corporativa em saúde cada vez mais utilizam em suas teorias e práticas de ensino o conceito de paragogia. Pode ser que você nunca tenha ouvido falar nesse termo, mas é provável que já tenha participado de algumas dinâmicas e exercícios que têm como base essa ideia. Nada mais justo, portanto, do que explicar adequadamente do que se refere.
Antes, vamos a outros conceitos-base que potencializam essa ideia. Se paragogia ainda é um termo estranho à maioria, a palavra pedagogia é mais do que conhecida. Trata-se de uma disciplina acadêmica, dedicada à arte e à ciência do ensino. Ela também define um tipo específico de educação, aquele típico de colégios e universidades, em que o ensino é transferido de uma figura central (o professor) para vários alunos.
Aluno como protagonista
Com o passar do tempo, quanto mais conhecimento o aluno adquire, a independência dele em relação ao professor aumenta. Com bagagem de conhecimento suficiente, o aprendiz consegue trilhar os próprios caminhos. E o primeiro passo neste sentido passa por outro conceito, o de andragogia – quando é o próprio aluno que está no centro de seu aprendizado.
As práticas de andragogia são bastante comuns no ensino de adultos. Nessa fase da vida, já carregamos tanta informação prévia que precisamos saber por que é interessante aprender algo novo. Por isso, aqui o educador precisa valorizar a experiência prévia do aluno, que é muito mais autônomo e capaz de decidir o que de fato quer aprender. Nesta prática também acontece de as pessoas aprenderem entre si, compartilhando conhecimento.
É nesse estágio que está grande parte do ensino corporativo praticado hoje em dia. A tecnologia favorece a implantação de programas que colocam o aluno como protagonista, com modelos de ensino híbrido ou totalmente digital, conteúdo personalizado e trilhas adaptáveis.
Evolução em etapas
Por fim, antes que entremos de fato na paragogia, há o conceito de heutagogia. Nessa fase, o aluno já avançou de tal forma na pirâmide do ensino que ele mesmo escolhe e organiza o que necessita aprender, com uma ação muito menor do professor ou facilitador. O aluno torna-se uma espécie de pesquisador, tomando a iniciativa de correr atrás do que é necessário para seu aprimoramento.
Reparou que da fase da pedagogia, passando pela andragogia, até chegar a heutagogia forma-se uma escada ascendente? Esse é o ideal de ensino: tornar o aluno cada vez mais independente, dono dos rumos do próprio saber, capaz de aprender e ao mesmo tempo ensinar o próximo.
Enfim, a paragogia
Enfim, chegamos ao que permeia e amarra todo este fluxo de especialização: a paragogia. Trata-se de um conjunto de técnicas e práticas de aprendizagem que tem por objetivo a constante colaboração e troca entre os participantes – em que cada um desempenha o duplo papel de ajudante e aprendiz.
Nas práticas de paragogia, cinco ideias servem como base:
1. A valorização da própria experiência dos alunos;
2. Levar em consideração nosso impulso intrínseco para melhorar;
3. O duplo papel de ajudante e aprendiz que cada participante deve exercer;
4. Considerar sempre o contexto;
5. Novatos e experientes trabalham juntos.
A residência médica é um grande exemplo de paragogia. Nela, diante de um desafio, todos aprendem e todos ensinam. Os novatos inspiram-se nos mais experientes que, por sua vez, em muitos aspectos, atualizam-se com os recém-chegados. Todos em busca da solução de um problema: no caso, a saúde do paciente e o bem-estar da população, em geral.
Grandes desafios, pequenos passos
Outras práticas vindas do mundo corporativo e que cada dia mais chegam à área da saúde também estão permeadas de técnicas de paragogia. É o caso, por exemplo, da chamada “Kata de melhoria”, que tem por objetivo a resolução de um desafio por meio de pequenos passos – mesmo que irregulares –, mas trilhados na direção correta.
Agora que entendemos um pouco mais sobre as ideias e práticas da paragogia, conte-nos: já participou de alguma dinâmica que levava em consideração esses conceitos – mesmo que, na época, eles não estivessem nítidos para você? Acreditamos que sim.
Afinal, como bem disse em uma das aulas aqui do Medportal o médico-gerente do Departamento de Educação Continuada do Imed Group, Alexandre Marini Ísola, “a área da saúde respira paragogia”. Bons estudos!
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