A CIO Survey da KPMG e Harvey Nas é a maior pesquisa de liderança de tecnologia da informação do mundo, com participação de executivos de 83 países. O relatório deste ano, que se refere a 2020, traz números reveladores sobre o antes e o depois da pandemia – em especial quanto ao impacto da COVID-19 nas decisões tecnológicas das empresas.
Neste artigo, analisamos toda a pesquisa e separamos as alterações de dados mais significativas, contextualizando-as para a área da saúde. Quais os impactos da capacitação da força de trabalho; melhoria da segurança e confiança dos profissionais; e melhoria no envolvimento dos funcionários para as organizações de saúde? Contamos ainda com o auxílio da Advisor do Medportal, Daniela Pereira, para contextualizar os números e refletir sobre sua aplicação para a área da saúde.
Fonte: InforChannel Edição Abril 45.
A pesquisa incluiu mais de 4,2 mil líderes do setor da tecnologia e foi realizada em duas etapas. A primeira, de dezembro de 2019 a março de 2020, época em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) ainda não havia declarado a pandemia e os efeitos do novo coronavírus concentravam-se na China. A segunda, de maio a agosto de 2020, já com a COVID-19 tendo se alastrado por todo o mundo.
Em 2020, as prioridades em termos de preocupação eram: ampliar o engajamento do cliente (34%), oferecer desempenho de TI estável e consistente (29%), melhorar a segurança e confiança (21%). Em 2021, outros pontos surgem, revelando o impacto da pandemia.
Capacitação da força de trabalho
De acordo com a CIO Survey, antes da pandemia, 14% dos líderes de tecnologia tinham o desafio dos CEO´s e board das empresas de capacitar seus colaboradores por meio da tecnologia. Depois, o número passou para 21%.
Ao transportar tais números para o contexto da saúde, Daniela comenta: “Pensando nos processos assistenciais, os envolvidos na linha de frente do combate à covid-19 precisavam estar prontos para responder com rapidez e acerto aos graves problemas dos muitos pacientes que lotaram os hospitais. O caminho mais eficiente para isso é via educação digital, que dá escala com baixo impacto financeiro”, comenta a conselheira.
Ela lembra ainda que, no auge da pandemia, houve um turnover grande de funcionários – alguns esgotados por stress e outros, contaminados com o novo coronavírus. Com isso, muitas lideranças tiveram de surgir em meio à crise, para de repente preencherem postos vagos. “Somente por meio da educação digital foi possível às instituições capacitarem tão rápido novos líderes”, completa Pereira.
Nesse contexto, é importante salientar que a capacitação adequada faz com que o profissional de saúde se sinta mais seguro e confiante ao praticar as suas atividades. “O despreparo é um ponto gerador de stress, principalmente em um cenário como o da pandemia, por conta da quantidade e criticidade dos pacientes. A educação adequada, no tempo adequado, faz com que o profissional tenha propriedade e sinta-se empoderado no que faz”, observa Daniela.
Melhoria na segurança e confiança
Além disso, a qualidade e perspectivas dos colaboradores também é um ponto que foi considerado na pesquisa. Antes da COVID-19, 21% das empresas preocupavam-se em promover a melhoria da segurança e da confiança das equipes por vias tecnológicas. Depois, 25%. Isso representa que, se, por um lado, a pressão pela implementação de novas tecnologias foi acelerada pela pandemia, manter a segurança e a confiança nas novas soluções, integradas às tecnologias preexistentes, foi premissa.
Nesta lógica, de acordo com a revista Info Channel, “o ecossistema de fornecedores mudou. O velho e arraigado hábito de recorrer sempre aos mesmos grandes fornecedores passa a dar lugar a olhar também para outros parceiros, como as startups. Elas tendem a ser mais criativas e inovadoras que as grandes corporações”. Portanto, apostar na agilidade e inovação demandam uma disrupção interna, nas próprias equipes de TI dos hospitais.
Há ainda o desafio de capacitação dessas equipes para apoio e implementação de novas tecnologias para rápida resposta aos desafios da pandemia: prover serviços de qualidade com o menor contato humano possível. Aqui elenca-se a telemedicina, ferramentas de trabalho a distância, soluções para atendimento remoto a pacientes internados etc.
Além dos aspectos técnicos, há uma série de elementos culturais a serem desenvolvidos para que as equipes de tecnologia sejam elas próprias as catalisadoras do movimento de transformação digital dentro das instituições de saúde, tendência acelerada e precipitada pela pandemia.
Nesse sentido, as plataformas de ensino a distância são importantes aliadas do CIO e do RH das organizações de saúde para suportarem programas estruturados de desenvolvimento das equipes de tecnologia.
Melhoria do envolvimento dos funcionários
Dos itens da pesquisa destacados pelo Medportal, este foi o que mais sofreu variação. Antes da pandemia, apenas 6% dos CIOs tinham como objetivo utilizar a tecnologia para melhorar o envolvimento dos funcionários. Com a pandemia, 25% incorporaram esse objetivo às suas metas corporativas.
“A educação é um dos pilares para se estabelecer a identidade cultural de uma instituição. Outro ponto importante para isso é contar com o envolvimento das pessoas, para que elas se sintam parte da comunicação estratégica e de soft skills do ambiente de trabalho, revelando o cuidado da empresa com o funcionário”, conta Daniela.
Ela frisa ainda que as ferramentas tecnológicas, por conta de sua interatividade, são capazes de diagnosticar quais os reais interesses dos funcionários, personalizar trilhas – e também quais suas fortalezas. “Por meio de avaliações constantes, é possível identificar as expertises do profissional e direcionar conteúdo para que ele passe a aplicá-las imediatamente”, conclui a Advisor.
Esperamos que este artigo tenha sido útil para você. Leve o conhecimento adiante, compartilhe nosso conteúdo. Ficou alguma dúvida? Entre em contato conosco!